Catalina: «Famílias como alternativa a instituições»
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Catalina: «Famílias como alternativa a instituições»Provedora da Casa Pia diz que instituições, para crianças abandonadas e órfãs, são solução «cara e ineficaz»
A provedora da Casa Pia de Lisboa, Catalina Pestana, defendeu segunda-feira à noite a adopção e o acolhimento familiar de crianças órfãs e abandonadas, em alternativa à solução "cara e ineficaz" da colocação em instituições."Uma criança institucionalizada custa ao Estado três vezes mais do que se for criada por uma família de classe média", afirmou Catalina Pestana no Porto, num debate promovido pela candidatura do PSD às eleições legislativas de domingo. Contrariando a decisão nacional do PSD de suspender todas as acções de campanha segunda-feira e hoje, devido à morte da irmã Lúcia, a candidatura social-democrata no Porto manteve o debate, mas o seu cabeça-de-lista, José Pedro Aguiar-Branco, não compareceu, apesar de o seu partido ter confirmado horas antes, por fax, que estaria presente. Sem nunca se referir a qualquer partido, Catalina Pestana salientou que esta campanha eleitoral "é uma boa altura" para a assumpção de "posições claras" no sentido de uma "mudança radical" do modelo de apoio às 12 mil crianças que estão internadas em instituições portuguesas e a todas as outras que precisam de apoio. "Somos um povo muito especial. Na Europa, é normal adoptar crianças, mesmo quem já tem filhos naturais", afirmou a provedora, referindo que a falta de hábitos de adopção poderá ser explicada pelo facto de Portugal não ter participado activamente na II Guerra Mundial, período que levou muita gente a adoptar e a ser adoptada. "No actual momento da sua vida, os casais que estão aqui, e que até já tenham filhos naturais, têm ainda ou não condições emocionais para ajudar a crescer outra criança ou adolescente?", questionou Catalina Pestana, frisando que se trata de um problema de toda a sociedade e não apenas do Estado ou de algumas instituições. A provedora da Casa Pia lamentou também que, em Portugal, as famílias de acolhimento sejam "famílias muito pobres a quem o Estado paga para receber crianças, mas que, quando chegam aos seis/sete anos, começam a dar problemas e são entregues às instituições". Catalina Pestana sublinhou que as instituições não podem dar tudo às crianças, especialmente a privacidade e a individualidade, pelo que o melhor para elas é um lar onde tenham isso, a par do afecto de quem por elas se preocupe de forma individualizada e não massificadora. O professor Joaquim Azevedo, membro do Conselho Técnico- Científico da Casa Pia de Lisboa, também defendeu a adopção e o acolhimento familiar como alternativa à "institucionalização", recurso que, em sua opinião, "deve ser evitado". Joaquim Azevedo propôs a criação da figura do provedor da criança e de um observatório da criança, que acompanhem todas as entidades que trabalham nesta área e elaborem relatórios anuais que sejam discutidos na Assembleia da República.
Catalina: «Famílias como alternativa a instituições»
Provedora da Casa Pia diz que instituições, para crianças abandonadas e órfãs, são solução «cara e ineficaz»
"Uma criança institucionalizada custa ao Estado três vezes mais do que se for criada por uma família de classe média", afirmou Catalina Pestana no Porto, num debate promovido pela candidatura do PSD às eleições legislativas de domingo.
Contrariando a decisão nacional do PSD de suspender todas as acções de campanha segunda-feira e hoje, devido à morte da irmã Lúcia, a candidatura social-democrata no Porto manteve o debate, mas o seu cabeça-de-lista, José Pedro Aguiar-Branco, não compareceu, apesar de o seu partido ter confirmado horas antes, por fax, que estaria presente.
Sem nunca se referir a qualquer partido, Catalina Pestana salientou que esta campanha eleitoral "é uma boa altura" para a assumpção de "posições claras" no sentido de uma "mudança radical" do modelo de apoio às 12 mil crianças que estão internadas em instituições portuguesas e a todas as outras que precisam de apoio.
"Somos um povo muito especial. Na Europa, é normal adoptar crianças, mesmo quem já tem filhos naturais", afirmou a provedora, referindo que a falta de hábitos de adopção poderá ser explicada pelo facto de Portugal não ter participado activamente na II Guerra Mundial, período que levou muita gente a adoptar e a ser adoptada.
"No actual momento da sua vida, os casais que estão aqui, e que até já tenham filhos naturais, têm ainda ou não condições emocionais para ajudar a crescer outra criança ou adolescente?", questionou Catalina Pestana, frisando que se trata de um problema de toda a sociedade e não apenas do Estado ou de algumas instituições.
A provedora da Casa Pia lamentou também que, em Portugal, as famílias de acolhimento sejam "famílias muito pobres a quem o Estado paga para receber crianças, mas que, quando chegam aos seis/sete anos, começam a dar problemas e são entregues às instituições".
Catalina Pestana sublinhou que as instituições não podem dar tudo às crianças, especialmente a privacidade e a individualidade, pelo que o melhor para elas é um lar onde tenham isso, a par do afecto de quem por elas se preocupe de forma individualizada e não massificadora.
O professor Joaquim Azevedo, membro do Conselho Técnico- Científico da Casa Pia de Lisboa, também defendeu a adopção e o acolhimento familiar como alternativa à "institucionalização", recurso que, em sua opinião, "deve ser evitado".
Joaquim Azevedo propôs a criação da figura do provedor da criança e de um observatório da criança, que acompanhem todas as entidades que trabalham nesta área e elaborem relatórios anuais que sejam discutidos na Assembleia da República.
2005 Feb 15